quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A ti

A ti que me sacaste do fundo
A ti que me devolveste o folego
A ti que me les agora
A ti que me escutas logo
A ti que me olhas e realmente me ves
A ti que me sabes
A ti que me conheces
A ti que me vives
A ti que me amparas
A ti que me desejas
A ti que me provas os medos
A ti que me afagas os cabelos
A ti que adoras o meu cheiro
A ti que me aqueces com um abraço
A ti que me enlouqueces com um beijo
A ti dedico o que de mais precioso tenho
Dou-me a ti...
por favor...
nao me devolvas...

domingo, 5 de outubro de 2008

Os sons que a vida faz...







O chiar desenfreado dos poucos pneus que ainda se arrastam no chão aliam-se à estridência da sirene provocando uma descarga de adrenalina brutal...O cheiro a latex das luvas transporta-me para a realidade escrita num bocado de papel a minha frente...



Esqueço tudo...



Desligo do mundo, ignoro os milimetros que acabam de me separar de um veículo diga-se bastante pesado, apago a minha vida e a dos outros ate la chegar...






Chego






A minha cabeça passa ao automático...Entro na resma de tempo em que apenas me concentro n'Ela.



Ela, tem 35 anos, 2 filhos, 3 gatos, umas 20 nódoas negras e uns 10 anos de porrada do marido!



Ela, esta inconsciente, pulso fino irregular, mal ventila.



Atrás de mim um miúdo chora para tentar ver o mesmo que eu...



Relatar o que se segue é excusado...basta dizer que fiz tudo, chegou viva ao hospital.






Só a água com que limpo o latex das mãos me liga novamente...






E esqueço...queimo por inteiro a resma de tempo que passou. Consigo inclusivamente sorrir!






Volto para a cama de onde o telefone brutalmente me arrancou.









O ressonar obsoleto dos escapes despertam-me do sono...






A tépida luz arranja-me com brilho o cabelo ainda dormente e lembra aos olhos que eventualmente terão de abrir...!é a luz e o parvalhão do despertador!!



Mais uma noite que passou...mal dormida, mal descansada, pouco quente!






Levanto-me, visto-me, e vou para casa...



Dispo-me do que resta da noite, deito-me.






Beijo-te e durmo.









Será cruel esquecer-me de todos com quem me cruzo e a quem por momentos me dedico completamente? Nao...Eles tambem nao se lembram de mim...Mas pelo menos, vivem para se esquecer...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Um bolso cheio de nada...


A um ritmo lento e compassado escrevo musica com meus pés na calçada

Vou desenhando a letra no meu respirar e vou-a cantarolando para dentro...

Vai passando gente estranha e que me estranha...

Olham-me de soslaio franzindo o sobrolho com ar de espanto

Perdem 30 segundos do seu fútil tempo a fazer uma curta metragem acerca do que vêem..

Atingem-me com o olhar analista pouco discreto tentando entender.

Será que é assim tao estranho...?


Vou continuando...e cantando...

Busco a letra numa ou outra pedra que me foge ao tacão da bota...

Levo um bolso cheio de nada, uma mão vazia de tudo...

E parecem notar isso...porque me estranham e me gozam

Será que é assim tão estranho...?


Nao sabem...

Levo em mim o bolso onde cabes...o vazio que preenches mais tarde

É teu cada canto meu e, para ti, o que canto...

A musica ja vai a mais de metade...E as pessoas que me olham?

Porque me estranham?!


Passam por mim sem me saber o nome

Pescoços rodam auxiliando o olhar que me segue e me estranha...

E sem saber para onde vou ou de onde venho

Acham estranho...


Cheguei.

Sentei-me.

Pensei...


O caminho das teclas calcetadas pelo velho Joaquim?

Enfeitado com pessoas com olhos aqui e ali?

Doutoradas em apenas existir?

Ah...ja sei...toquei-o a sorrir...


sorrir...deve ser estranho...

terça-feira, 24 de junho de 2008

Menino


Olá menino bonito!...Como te chamas?
És tão pequenino!Onde estão os teus pais?
Tens um cabelo tão giro!!
Mãozitas pequeninas as tuas...

Toma o teu brinquedo!Deixaste cair la atras!
Toma menino!
Toma o teu sapato tambem!
Menino...!?Mas tu estas a dormir aqui...??
E tens uma perna ferida...?!

Menino, Acorda!
Olha para mim menino,
Não te faço mal eu...
Porque nao me respondes menino?

...O menino morreu...

Em cada esquina há um Menino...
Uns passos atras dele há sempre um brinquedo...
Tropeçamos muitas vezes num sapato.
Mas o brinquedo é uma lata de pepsi vazia...
O sapato muito pequeno e roto...
E por isso quem diria,
Que mais há frente haveria um menino morto...?

Na vida nem tudo são tristezas...mas nem tudo alegrias...

terça-feira, 17 de junho de 2008

Brinde

Brindo a isso...
Brindo a todas as guerras...brindo aos acidentes, catástrofes naturais.
Brindo à fome no mundo, brindo ao velho na rua, à criança no lar.
Brindo à doença,brindo ao infortúnio.
Brindo ao divórcio, ao suicídio.
Brindo ao abraço que ficou por dar, ao amor que ficou por fazer, ao beijo que não se deu.
Brindo a isso...
...E engulo tudo...!
Que tudo expluda dentro de mim...
E que abra mais esta úlcera já a sangrar...
E que tudo desapareça assim
E me mate devagar...

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Ghost of me...

Sinto-me um guião que alguém escreve e re-escreve. Que alguem escreve...e apaga...Ao qual alguem atribui personagens, desenvolve o enredo.
Trago na alma a pena do autor que rabisca no coração mole um ou outro sentir.
Nunca seca essa pena, só a tinta vai mudando de cor, retocando o quadro consoante o apreciador.
Seria melhor se a tinta fosse de um so tom?Se o coração fosse acetato e nao houvesse volta a dar-lhe?
Nao sei...mas nao creio
E por enquanto ca vou indo...e pintando...

P'ra todos vós
que
me
vão
apreciando..

domingo, 8 de junho de 2008

Soberbo


Procuro-te lá…
Onde nunca ninguém te foi encontrar
Onde te rasgaram a alma roubando-te o doce a que cheiravas…
Onde te puseram uma máscara a preto e branco que te transfigurou
Sigo até lá e sento-me no lugar vazio que te deixaram na alma

Onde estão as amarras que te prendem tanto a ti?
O teu lugar és tu…o teu abrigo és tu…eu sei…
Dá-me a conhecer a tua colorida face…deixa-me beijá-la
E amaciar um pouco o sorriso que teus lábios encerram
Calejados pelos ares de uma vida tão cheia…e tão vazia…

Deixa-me aquecer o lugar…Com tudo o que sou
Onde te fui encontrar e onde nunca ninguém te buscou…

Amo-te

Saudade...

Saudade...esse acumular de letras estupidas que se juntam como que se de um arranjinho se tratasse. Essa lente que se cola a vista e a deturpa...distorce-a, enfeita o nervo óptico mascarando-o de lamechas e lingrinhas...goza-o, humilha-o...!Faz surgir sabores na lingua e sensações nos dedos...Faz desejar, excita...
Essa lente...que gruda...magoa...incomoda!!Essa palavra, estupida, alimenta a alma com ilusão...e a seguir devora-a com o recordar...arrasa-a com a imagem, com a lembrança...do corpo...do beijo...do sexo...aperta-te a língua com o bittersweet de uma noite que te traz a memória um bouquet linguístico de flores murchas composto por letras sem pétalas que se te cola a vista...que a magoa...que te faz..............
sorrir.......

Vivo




Respiro
Cada bafo quente que emana do teu corpo despido, húmido, sequioso de mim. Anseio cada gota de suor que teima em saltar-te dos poros humedecendo o desejo que me aquece a boca.
Olho
Cada gesto teu que arrasta a atmosfera na minha direcção, que faz parar o relógio da parede que, expectante se esquece das horas esperando o delírio sensorial que teus lábios descarregam nos meus…
Escuto
O murmurar do silêncio do teu gemido, o grito de êxtase da tua pele que em conversa com a minha segreda histórias que ninguém conhece…ouço-as com atenção e decoro cada verso cantando-o de seguida só para ti.
Saboreio
O trago fértil que me das a beber, que decalcas na minha língua que quente te prova o gosto salobro…tão teu…Saboreio o teu corpo esculpido em rocha de gelo que derrete e me molha, me encharca, me mata a sede de ti…
Sinto-te
Entrar em mim tocando-me a alma, massajando o meu coração fazendo-o bater ao teu ritmo, sinto-te invadires o meu espaço deliberadamente com o consentimento divertido dos meus sentidos, sinto a tua carne pulsar dentro de mim, tacteando cada centímetro, lambendo cada canto…
Amo
Cada partícula de ar que te rodeia num abraço constante, num pedido desesperado que as abraces também. Amo cada cigarro que fumas e que passa a fazer parte de ti. Amo cada “amo-te” que sinto, cada sonho que tens, cada coisa que vês, amo amar-te…
Amo-te com uma força sagrante…e isto sim…é muitimportante…