segunda-feira, 3 de maio de 2021

As mães encolhem

As Mães encolhem

Mas não é com a idade...

É com os dedos queimados que apagam velas sem reclamar e a lamber as feridas das crianças caídas a quem deram de mamar!

É a levar nos ombros as pernas finas dos cachopos traquinas que se queiram empoleirar e no peito tantos corações quantos narizes ranhosos pariram a chorar!

As Mães encolhem

Mas não é com a idade...

É com a falta dos bocados que vão dando ao mundo! 

É partindo-se em mil pedaços quantos doces regaços têm para oferecer...

As Mães encolhem

Mas não é com a idade... 

É com a falta do sopro que cura mazelas nos braços magrelas da petizada!

As Mães encolhem

Mas não é com a idade...

É com a preocupação de sabê-los bem dia e noite, que não haja mal que os açoite, que não lhes possam valer quando doer...

As Mães encolhem

Mas é só por fora...

E.Batalha

domingo, 6 de julho de 2014

Obrigada

Por agora e para já é isto.. um obrigada.

Poderia não ter acontecido nada, podia a vida ter continuado tal como sempre a imaginei, como os meus sonhos me desenharam. Poderia, mas não seria a mesma coisa, e de um momento para o outro, o desenho amarrotou-se, a linha que ate ai era direita, tremelicou. Andou aos altos e baixos, fez círculos, quadrados,e enrolou-se num triângulo acabando num nó. Mas nunca partiu e o papel não chegou a rasgar. Aos poucos desembrulha-se o papel, na expectativa de ver o que agora embrulha, como se um presente de Natal se tratasse . Lentamente, a linha desenhada começou a desenrolar, puxou-se de um lado, esticou-se de outro, e a linha foi-se desenhando de novo.
Nunca o papel voltou a ser liso, puro. Vêm.se os vincos. Nunca a linha tornou a ser recta, agora faz curvas. Nunca nada voltou a ser igual. E ainda bem. Só assim la conseguia chegar!

Obrigada vida por me teres ensinado a aprender-me.   

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Breathing under water

Quero por um momento poder fechar os olhos e ver que la dentro, que cá dentro, existe a hipótese.
A hipótese de voltar a sentir-me quente com o fogo. De me queimar com ele, de sentir a paixão arrebatadora com que te abracei em tempos. De sentir o desejo nas tuas palavras mas principalmente nos teus olhos.
Já não conheço os teus olhos.
Não consigo evitar desconhece-los..queria sabe-los de cor, lê-los como se lê um livro. Queria não ter a sensação que apenas estou a ver os desenhos da capa.
Queria sentir-me especialmente especial. Não apenas especial. Sinto-me exigente, sinto que a minha exigência não chega. Sinto que te quero apaixonar de novo e não consigo..temo que não consiga faze-lo.
Não sou nova, não trago nada de novo, nao sou nada mais que eu, o eu de sempre. Mas o eu de sempre que pensei ser arrebatador, já o foi. Agora é o Q.B. Sou aquele tempero que se puseres mais um bocado não vai fazer diferença.. Que se tiver a menos não estraga o cozinhado. É assim que me sinto.

Quero que o meu Eu chegue de novo para por o teu Tu com borboletas na barriga.

sábado, 14 de setembro de 2013

After eight..

As viagens de carro nunca mais foram as mesmas...Agora são mais lentas..os vidros vão abertos, a música já não é "a que esta a dar"..sou eu que ponho..a que EU quero. Olha-se para tudo com outros olhos, em tudo se vê culpa, em tudo se tenta arranjar uma desculpa.

Passa a haver uma linha que separa o que eu quero dizer e peguntar daquilo que efectivamente posso e é dificil de traçar. Apetece gritar ao mundo, apetece gritar-te ao mundo para que também ele sofra como eu, mas não posso..e isso é dificil.

Os actos espôntaneos deixam de o ser, passando a estar envoltos numa teia de duvida que ora os torna certos ou errados, aquilo que outrora era o suficiente agora tem dias que parece demais, outras que parece de menos, e essa, é a outra coisa difícil. Decidir como agir.

A força que nos levanta é a mesma que de vez em quando nos derruba, arrasando-nos com a desconfiança, a dúvida, e a outra coisa dificil é perceber qual dos dois sentidos é mais forte, qual é que passa a fazer parte de nós, ou se podem conviver os dois de uma forma saudável.

É dificil decidir se havemos dar ou pedir, se havemos de fazer ou exigir, porque parecendo mais justo exigir, queremos fazer tanto que temos medo que seja sufocante e que mate o que queremos que renasça. É muito dificil.

Seria mais fácil se pudessemos ter a certeza, mas como nesta vida poucas coisas o são, resta-nos decidir quais as nossas proprias verdades, e assumi-las como tal.

E esperar...que não quebres de novo o compromisso que refiz com a vida.

Se fosse fáci, não era pra mim...


 


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Não tenho título para isto..

Tudo corre bem.

Ele faz amor com ela, tomam banho juntos, riem juntos e jantam.
Ela passa a ferro, cuida das crianças, arruma a casa e, não chega a jantar.
Ele volta para casa para junto dela. Ela recebe-o como sempre, rodeada das pequenas, feliz por ve-lo. 
Ele esta lá..mas só fisicamente. A cabeça, o coração, o desejo ficou la, na cama, na banheira, na mesa da cozinha...e o errado que parece disfarça-se com o bem que sabe, com a saudade boa que se sente do certo que ficou longe. 
Por perto e por agora, o errado que outrora já foi certo, uma cama, uma banheira e uma mesa de cozinha em tempos já bons, que eram desejados. Mas já não são. E o sentimento novo, apaixonante, sequioso de desejo supera o de culpa e remorso como se se tratasse de proteína que vai fazendo crescer algo incontrolável. Ela não sabe e de uma forma ou de outra está lá, acredita, ama, deseja o certo que sempre o foi.Ou pensou ser.

Tudo de repente corre mal 

Acaba-se a segurança dela e termina a insegurança dele, transformando-se numa mistura de incredibilidade, nojo, injustiça, dor, desespero e de "FODA-SE".

Bebe-se essa mistura como se de um cocktail se tratasse. Uma bebida que transforma tudo ( a parte boa é que faz emagrecer...e crescer).

Tenta-se digerir tudo da melhor forma e de forma a que não faça muito mal, que não nos mate. Se sobreviver só com umas sequelas já não é mau de todo.

Ele tenta perceber o que quer..o que fará mais falta..ela, ou ela. Não quer deixar o porto, mas não resiste ao iate, bonito, bem disposto, que o deseja igualmente. E também dói. Dói perder os momentos cúmplices com ela, as noites tórridas que uma grande paixão consegue tornar aditivas, as frases que só eles conhecem e sabem o que significam, as musicas que os marcam, os cheiros, o sexo.

Só lhe resta esperar. Fazer a cama de novo, aproveitar as lágrimas para limpar a banheira, preparar um banquete na mesa da cozinha. E esperar que isso chegue para que a amem de novo, o suficiente para a respeitarem, para a desejarem, para ser novamente a única. 

E viveram  ...... para sempre...


 
 

domingo, 21 de julho de 2013

Irónico..Tentar preencher o vazio com que me deparo com outro vazio.

Se o meu coração fosse tão facil de preencher quanto o branco que vou rabiscando com pequenos toques de unhas pintadas de vermelho não seria tudo tão mau..se dependesse de mim...

Mas não depende. E o vazio que sinto, só posso tentar enche-lo com nada, por muito pouco espaço que isso ocupe. Um nada aqui, outro ali. E lá se vai compondo..dá pra viver.

E conseguir ordenar estas ideias todas para que tudo isto faça sentido? Não consigo.

Só precisava de escrever, de explicar ao branco o que é o preto. Pois bem branco, o preto é isto..e hoje está bem preto. Mas pelo menos, não estás vazio, escrevi-te, falei-te, lembrei-me de ti. Fiz-te sentir especial..e agora ficaste cheio..com o vazio que eu tenho. Se calhar o vazio enche mesmo.

Boa noite branco...vou levar o preto comigo agora.




segunda-feira, 15 de novembro de 2010

헬레나

Sabes...?
Provavelmente não..

Sentes?
Quero acreditar que sim..

Quero acreditar que a tempestade de sol com que furiosamente fui atingida passa no teu coraçãozinho sob a forma de uma leve brisa que te aquece...te faz sentir segura..

Quero nessa brisa ser o perfume do teu corpinho macio, ser o quentinho das tuas mãos, o doce dos teus olhinhos..

Quero olhar-te como um pedaço de mim...ver-te como um sorriso teu, meigo..

Quero ser o teu porto seguro, o teu abraço de sempre, para sempre..

Quero fazer-te tão feliz como me fizeste a mim

Quero...

Deixas bebé?

Amo-te